Candeal (Por Pedro Oliveira – Da Sucursal Regional do Sisal em Coité) – A morte de animais, a dizimação de pastagens, a falta de trabalho e a inexistência de água potável e alimentos para o consumo humano e animal, vem provocando grandes transtornos aos moradores de Candeal, devido à seca que atinge o município sisaleiro, distante 160 km da capital. O quadro na comunidade, pela segunda vez em Situação de Emergência decretada pelo prefeito Ribeiro Tavares, não difere do reinante nas demais localidades da mesma área fisiográfica afetada pelos efeitos climáticos. Para muitos a atual seca é muito mais grave do que a ocorrida em 1993, que devastou pastagens e rebanhos bovinos em vários municípios do semiárido baiano.
Com uma população de quase 10 mil habitantes e uma área territorial de 465 km quadrados, Candeal sofre desde o ano passado sem safra agrícola de subsistência- milho, feijão e mandioca -, por causa da escassez de chuvas o que tem contribuído também, para o aniquilamento da pecuária de corte e leite, principal atividade econômica local. O município considerado sede de uma das principais bacias leiteira da região de Feira de Santana está com sua produção praticamente zerada uma vez que já chegou a produzir mais de 30 mil litros de leite/dia na década de 80 e hoje não chega a 5 mil, o que tem causado prejuízos e desespero aos produtores.
Sem água e alimento nas propriedades rurais, os animais estão morrendo. Muitos estão caídos, debilitados, sem forças para caminhar. Alguns criadores estão sofrendo prejuízos elevados, a exemplo de Zé de Genário, que na semana passada perdeu de uma só vez, em sua fazenda no povoado de Quatro Estradas, nove bovinos e não sabe como reverter a situação, já que não existem pastagens e o mesmo vem se verificando em relação à água. Alguns criadores vêm usando o mandacaru, palma e torta de algodão para alimentar os animais.
O sisal, que poderia servir de alimento alternativo, não é cultivado no município e o mandacaru que é uma planta nativa e serve nessa época de alimento, está em vias de extinção já que ninguém planta e só faz colher para dar ao gado. Os criadores não se preparam para a época da seca como se não estivessem no semi-árido, enfrentando quase que anualmente longas estiagens. A situação da zona rural em Candeal é dramática, diante de adversidades, como fome, sede, falta de trabalho, morte de rebanhos e da cultura de subsistência, que não existe há algum tempo e se não chover logo, muitos agricultores não sabem o que irão fazer.
O prefeito Ribeiro Tavares, disse que a prefeitura conta com quatro carros-pipa trabalhando no sistema de 24 horas, como forma de atender a demanda da população que é muito grande e garante que 80% do território sofrem com os efeitos climáticos, citando as regiões de Belo Alto, Quatro Estradas, Chapada, São João, Pau d’Arco, Macaco, como as mais castigadas. “Nem a água da Embasa que abastece a sede de Candeal, serve para o consumo humano devido ao alto teor de salubridade”, explica o prefeito, lembrando que o leite acabou, a agricultura não existe e o que vem segurando a economia local, sãos os salários dos servidores públicos, aposentados e cerca de 1.400 famílias cadastradas na Bolsa Família.
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