A reflexão sobre a água como direito humano, a
serviço da humanidade e não como uma mercadoria, é um assunto que
precisa ser reforçado durante os eventos realizados neste mês, por
ocasião do Dia Mundial da Água, comemorado no ultimo dia (22).
O alerta é do
coordenador da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), Arivaldo
Sezyshta, conhecido como Ary, que esteve na semana passada em Marselha,
na França, representando a rede no Fórum Alternativo Mundial da Água.
A
preocupação com a privatização dos serviços de água e de saneamento,
controlados pelas grandes empresas multinacionais e pelos governos, foi o
principal debate do evento, que reuniu representantes de organizações e
movimentos sociais de todo o País com o objetivo de apontar soluções
para os problemas ocasionados pela crise mundial de água.
“Em
muitos lugares ela [a água] foi privatizada, possuída, cercada, e está
sob o poderio de uns poucos. Nesse sentido, exigir dos governos e dos
organismos internacionais o reconhecimento e a aplicação concreta
daquilo que a Assembléia Geral da ONU já o fez em 2010, que é o
reconhecimento de que a água é um direito humano fundamental para todos
os povos. Isso ficou de fora agora do Fórum Oficial da Água e corre o
risco de ficar de fora da Rio + 20, mas não pode ficar de fora das
nossas comemorações no Dia Mundial da Água”, reforça o coordenador.
Outra
questão importante destacada por Ary é a necessidade de continuar
pressionando o governo a não apoiar, com recursos públicos, grandes
empresas que privatizam a água. Pelo contrário, o documento final do
Fórum Alternativo Mundial da Água, aponta para a necessidade de investir
em experiências e práticas democráticas de uso sustentável da água.
Nesse sentido, Ary destaca como exemplo o Programa de Formação e
Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido desenvolvido pela
ASA.
“A ASA fala de uma experiência concreta de acesso à água,
de garantia de direitos. Nesse sentido, nosso trabalho contribui,
sobretudo, ao mostrar que é possível efetivar a garantia de direitos
mesmo lá onde eles foram historicamente negados, cerceados,
vilipendiados. Falamos de mudança de paradigma, de encantamento, de
mobilização e participação social, de empoderamento das comunidades, do
protagonismo das pessoas e do saber popular que, aliado às entidades de
assessoria, produz libertação. Esse nosso discurso, justamente porque
provém da prática, contribui em qualquer espaço do mundo para fazer
valer todos os direitos”, diz Ary.
A experiência de captação de
água de chuva desenvolvida pela ASA foi bastante elogiada no fórum. De
acordo com Ary, alguns pesquisadores brasileiros que estão na França
mostraram interesse em saber mais informações sobre os programas. Além
de apresentar o trabalho da rede, o coordenador avaliou o evento como um
espaço importante para conhecer e estreitar relações com outras
organizações. “Gostei muito da experiência italiana. Eles acabam de
realizar um referendo em nível nacional, contra a privatização da água.
Em pouco tempo mobilizaram o país e recolheram as assinaturas
necessárias para que houvesse o referendo, depois seguiram mobilizados
para que as pessoas comparecessem, votassem e dissessem não à
privatização da água”.
Fonte: Site da ASA
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