Texto vencedor do gênero crônica do Colégio Estadual Rubem Nogueira - Olimpíada de Língua Portuguesa 2016 foi sobre o Programa Ferraz e o Povo
A vida de um repórter
Autor: Irenildo Capistrano de Jesus
Professora: Valnice da Silva Brito
Eram sete horas da manhã quando um rapaz sentado no banco da praça recebe uma ligação com o celular no viva-voz.
— Está pronto? Em três minutos você entrará no ar.
O celular tocou de novo. O rapaz atendeu rapidamente, apertou o nariz para mudar o timbre de voz, coçou a garganta como se tivesse fazendo um rápido exercício vocal, cruzou as pernas, confortou-se, segurou com firmeza o aparelho celular e esbravejou:
— Bom dia, bom dia amigos e amigas da região sisaleira! Chegou o negrinho de luxo! Notícias quentinhas diretamente de Serrinha.
Pessoas vão e vêm em todas as direções. Algumas passam apressadas para o trabalho, para a escola ou outros destinos e olham estupefatas.
Ele continua:
— Cheguei, cheguei. Vamos largar o doce!
Um estudante, com um sorriso pueril, diz:
— Estão largando doce na praça! Vamos gente! Vamos pegar doce.
As crianças que estavam perto correram em busca dos doces, deixando para trás materiais escolares espalhados pelo chão.
Nesse momento ouve-se o relato sobre a prisão de um meliante.
— Foi preso por assalto na madrugada desta segunda-feira o menor de iniciais B. S. T., nas imediações da rodoviária.... E o locutor interrompe:
— Calma aí! Chegou mensagem no WhatsApp. Deixa eu ver o que aconteceu. Está dizendo que um cano estourou no bairro do Cruzeiro. Estourou onde? Como eu vou ajudar resolver se você não diz o nome da rua, o número, não coloca o seu nome, não coloca nada? Assim fica difícil! Prossiga com a informação companheiro.
E o rapaz fala:
— Como estava dizendo um menor foi preso, nesta madrugada... E tem mais! Quadrilha de estelionatários é presa depois de praticar vários roubos numa agência bancária dessa cidade ... Ainda tem mais notícias pra você ligadinho com a gente. Em Conceição do Coité, homem de identidade ignorada, aparentando 50 anos de idade, foi baleado por policiais após o furto de uma bicicleta na feira livre...
Mais uma vez a notícia é interrompida:
— Pera aí, rapaz! Que notícia é essa que chegou no WhatsApp? O que é isso agora? Prestem bem atenção! Ô Brasil que não tem jeito! Possível fusão entre Banco do Brasil e Caixa ganha força e preocupa funcionários, diz jornal.
Vamos que vamos que a Bahia é nossa! – o repórter continuava a exclamar. Eu tenho muito mais pra você sintonizado na melhor. Grito o nome da fera! O miserê da calça curta. O portal dele está chegando a vinte e cinco milhões de acessos. Ele é barril dobrado! Voltamos com o Ted Love.
Mas ele disse que tinha doce. Cadê os doces? – interpelou o menino esperneando.
Que doce nada! – respondeu um jovem estudante, com olhar mais aguçado, sentado no banco ao lado, observando tudo que ocorreu em sua volta nos mínimos detalhes. O repórter está noticiando as ocorrências policiais registradas nas delegacias da cidade e região nas últimas vinte e quatro horas.
— Oxe! E eu pensando que era doce de verdade!
— Brincadeira sem graça! Estou esbaforido por causa dos doces. E não tem doce nenhum...
Em meio aquele mal-entendido algumas pessoas não perceberam o momento inusitado em que aconteceu a participação ao vivo num programa de rádio líder de audiência naquele horário, utilizando a tecnologia como ferramenta de trabalho e prestação de serviço à comunidade.
E assim é a vida de um repórter!
— Está pronto? Em três minutos você entrará no ar.
O celular tocou de novo. O rapaz atendeu rapidamente, apertou o nariz para mudar o timbre de voz, coçou a garganta como se tivesse fazendo um rápido exercício vocal, cruzou as pernas, confortou-se, segurou com firmeza o aparelho celular e esbravejou:
— Bom dia, bom dia amigos e amigas da região sisaleira! Chegou o negrinho de luxo! Notícias quentinhas diretamente de Serrinha.
Pessoas vão e vêm em todas as direções. Algumas passam apressadas para o trabalho, para a escola ou outros destinos e olham estupefatas.
Ele continua:
— Cheguei, cheguei. Vamos largar o doce!
Um estudante, com um sorriso pueril, diz:
— Estão largando doce na praça! Vamos gente! Vamos pegar doce.
As crianças que estavam perto correram em busca dos doces, deixando para trás materiais escolares espalhados pelo chão.
Nesse momento ouve-se o relato sobre a prisão de um meliante.
— Foi preso por assalto na madrugada desta segunda-feira o menor de iniciais B. S. T., nas imediações da rodoviária.... E o locutor interrompe:
— Calma aí! Chegou mensagem no WhatsApp. Deixa eu ver o que aconteceu. Está dizendo que um cano estourou no bairro do Cruzeiro. Estourou onde? Como eu vou ajudar resolver se você não diz o nome da rua, o número, não coloca o seu nome, não coloca nada? Assim fica difícil! Prossiga com a informação companheiro.
E o rapaz fala:
— Como estava dizendo um menor foi preso, nesta madrugada... E tem mais! Quadrilha de estelionatários é presa depois de praticar vários roubos numa agência bancária dessa cidade ... Ainda tem mais notícias pra você ligadinho com a gente. Em Conceição do Coité, homem de identidade ignorada, aparentando 50 anos de idade, foi baleado por policiais após o furto de uma bicicleta na feira livre...
Mais uma vez a notícia é interrompida:
— Pera aí, rapaz! Que notícia é essa que chegou no WhatsApp? O que é isso agora? Prestem bem atenção! Ô Brasil que não tem jeito! Possível fusão entre Banco do Brasil e Caixa ganha força e preocupa funcionários, diz jornal.
Vamos que vamos que a Bahia é nossa! – o repórter continuava a exclamar. Eu tenho muito mais pra você sintonizado na melhor. Grito o nome da fera! O miserê da calça curta. O portal dele está chegando a vinte e cinco milhões de acessos. Ele é barril dobrado! Voltamos com o Ted Love.
Mas ele disse que tinha doce. Cadê os doces? – interpelou o menino esperneando.
Que doce nada! – respondeu um jovem estudante, com olhar mais aguçado, sentado no banco ao lado, observando tudo que ocorreu em sua volta nos mínimos detalhes. O repórter está noticiando as ocorrências policiais registradas nas delegacias da cidade e região nas últimas vinte e quatro horas.
— Oxe! E eu pensando que era doce de verdade!
— Brincadeira sem graça! Estou esbaforido por causa dos doces. E não tem doce nenhum...
Em meio aquele mal-entendido algumas pessoas não perceberam o momento inusitado em que aconteceu a participação ao vivo num programa de rádio líder de audiência naquele horário, utilizando a tecnologia como ferramenta de trabalho e prestação de serviço à comunidade.
E assim é a vida de um repórter!
Extraído do Ichu Noticias
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