Com a colaboração da escritora luzense, Tayane Sanschri, na tarde desta segunda-feira (26), o Colégio Estadual José Leitão culminou a terceira etapa do projeto pedagógico ‘Literaturas Luzenses’, com a Literatura Prosaica.
O auditório da escola foi ocupado por alunos da primeira série dos turnos vespertino e noturno (público alvo do projeto), além de outros ouvintes, dentre eles, professores, alunos de outras séries, egressos e estudantes de ensino superior.
O público alvo teve a oportunidade de conhecer e de trabalhar com a Literatura Prosaica através de oficinas aplicadas pelo professor Hamilton, com a disciplina Literatura e de explanar a obra ‘Estação das Flores’, de Tayane Sanschri. Dessa forma, esta etapa do projeto abriu possibilidades, também para o estudo de diversos outros autores luzenses (livremente trazidos pelo alunado) que, igualmente, produzem os seus constructos através da Literatura Prosaica.
O tema abordado nesta fase foi ‘A literatura prosaica e o sentimentalismo feminino’. O professor Hamilton (aplicador do projeto) frisou que os estudos acerca da Literatura Prosaica objetivaram “Possibilitar a absorção do sentimentalismo contido na linguagem peculiar à prosa poética, sob o aspecto auditivo, melódico e analítico que se caracteriza pelo ritmo sinestésico, capaz de aguçar os diversos sentidos do leitor”.
Como nas demais etapas, o professor Hamilton contou que foi auxiliado por 22 monitores protagonizados por alunos voluntários. Quanto ás oficinas, em primeira instância foram realizados estudos acerca da vida e da obra da escritora representante desta fase: a luzense Tayane Sanschri. Ademais, cada aluno teve a liberdade de escolher um autor adepto deste tipo de literatura e de fazer estudos da sua biografia e análises e exposições das suas obras, aspecto que serviu de aprendizado até para o professor aplicador que assumiu desconhecer alguns nomes e obras belíssimas que vieram à tona, provindos de diversas localidades das quais os estudantes fazem parte.
Neste ínterim, a escritora Tayane Sanschri foi aplaudida de pé pelos ouvintes, teve o prazer de ver trechos do seu livro ‘Estação das Flores’ serem expostos pelo alunado e, numa sabatina interativa, prestou informativos valiosíssimos como o fato de ela sentir tudo em grandes proporções (motivo que a faz guardar para si qualquer tristeza que lhe chegue); como o seu contato com a música que aconteceu por conta do seu pai (músico profissional, que sempre era convidado para tocar para grandes artistas da época como Sarajane, Dominguinhos e outros e, então, a levava para todos os shows, a fim de que ela se interessasse por este ramo), no entanto, ela preferia as artes cênicas; como as peças teatrais que ela mesma escrevia e atuava para serem apresentadas para a sua família nas reuniões de Natal ou outras festividades; como a sua participação na companhia teatral Guido Guerra (aos 13 anos) e a fundação da sua própria trupe, com a qual percorreu várias cidades e ganhou diversos prêmios.
Tayane contou ainda, que por conta da paixão pelo teatro, acabou ingressando no curso de Artes Cênicas, da Universidade Federal da Bahia – UFBA, logo que terminou o Ensino Médio. Neste ramo, teve colegas bem conhecidos na dramaturgia como: Vladimir Brichta, Zéo Brito, Audry de Assuncion, Jarbas Oliver, Laila Garin, e Wagner Moura (que não era aluno da escola de Teatro, mas da escola de Comunicação e Jornalismo, porém, vivia no Campus, na sua turma, conquistando seu espaço como ator).
Sobre a sua prática da escrita, Tayane expôs que a literatura fez parte da sua rotina desde a sua infância, tanto, que aos treze anos, perseguindo um sonho, ela escreveu o seu primeiro livro, mas infelizmente não chegou a publicá-lo. Este livro era um romance. Na época, como ainda não tinha a certeza acerca do título que daria, deixou provisória a designação de ‘Cortinas do coração’. Sempre movida pelas letras, Tayane Sanschri criou o blog ‘Cuecas no Varal’, onde compartilha seus textos e de outros escritores. Segundo a escritora, este blog já chegou a ter a visitação diária de cerca de 5.000 internautas de todos os países.
Quanto ao ‘Estação das Flores’, lançado em novembro de 2014 pela editora Penalux, Tayane o descreve como um livro que conta uma história de amor, que apesar de não ter durado, o ‘felizes para sempre’, isto é, a felicidade é revelada sobre asas de um lindo pássaro cortejando o sol até a partida dos amantes. O amor, em Estação das Flores, é vivido com intensidade até que os amantes resolvem seguir sozinhos por outros caminhos. O eu lírico se entrega com devoção à exposição dos seus sentimentos em todos os textos da obra. O livro é composto por vinte e duas prosas poéticas e conta uma triste e doce história de amor, além de permitir que o leitor mergulhe em seu próprio interior e refletia sobre a importância de se permitir enxergar o melhor do amor. A autora nesta obra compara o amor à primavera: estação perfumada e colorida, que propicia nas pessoas a sensação de paz pelos caminhos que percorrer no dia a dia. Com isso, Tayane Sanschri pretende “favorecer a uma reflexão sobre quanto deixarmos de lado a ideia de que um amor não foi bom só porque um dos amantes resolve ir embora ou por conta de o amor ter acabado”, diz Tayane. A escritora deixou claro que “os momentos de amor devem ser vividos com intensidade, entregas e respeito, pois viver o amor é algo que tanto almejamos, no entanto, quando encontramos este amor, corremos o risco de vê-lo escapar por entre os dedos sem ter vivido de fato tudo o que ele tinha para oferecer”.
A palestrante, atriz e escritora luzense, Tayane Sanschri explicou que “A prosa poética, também considerada poesia, não possui aquelas características de um poema, como métrica, ritmo, rima e outros elementos sonoros peculiares. Este tipo de escrita nos permite exprimir as emoções e sentimentos do eu lírico”. Focando no tema da palestra em ênfase: ‘A literatura prosaica e o sentimentalismo feminino’, a escritora Tayane proferiu: “Ao se falar de prosa poética e sentimentalismo feminino, sinto como se fosse um casamento perfeito, pois a mulher, mesmo a feminista, possui em sua essência o romantismo, além de ser mais emotiva. Muitas vezes somos movidas através da emoção, portanto, na escrita, abuso deste lado emotivo e romântico para falar de amor, saudade, tristeza, desilusão, sonhos…”. Desfazendo mal-entendidos, Tayane Sanschri fez questão de frisar que narrador não é autor e que o eu poético não expressa os anseios do autor, pois narrador e eu poético são elementos da escrita e autor é o produtor oficial das suas tessituras, com a seguinte fala: “Quanto as minhas inspirações, diferente do que muitos pensam, a maioria dos meus escritos não falam sobre a minha pessoa ou alguma situação da minha vida. Basicamente, inspiro-me no cotidiano de amigos, de colegas, de depoimentos dos leitores e dos seguidores; minhas inspirações vêm até mesmo de algumas sugestões que me chegam sobre determinados temas para compor a minha escrita”.
Ao final, Tayane Sanschri fez as considerações finais, dizendo da sua satisfação de estar fazendo parte do projeto ‘Literaturas luzenses’, o qual ela classificou como belíssimo e de suma importância para os alunos e o escritor da terra; humildemente agradeceu ao alunado por ter se debruçado sobre a sua vida e essencialmente, sobre a sua obra ‘Estação das Flores’; descreveu a emoção e o prazer de ter feito parte dos grupos de WhatsApp de cada turma (interagindo com cada jovem estudante, postando seus textos para eles, inteirando-se das novidades das suas linguagens e, até, rindo muito das postagens, reações e discussões dos mesmos, situações estas que muito aprendizado e informações lhe trouxeram e que, certamente servirão de inspiração para seus próximos textos); além de parabenizar o professor Hamilton pela iniciativa direcionada estritamente ao estudo da literatura local e de agradecer pela oportunidade e pela escolha da sua pessoa como representante da Literatura Prosaica. Doravante, professor Hamilton deu o evento como encerrado e entre aplausos, Tayane deu oportunidade para que os ouvintes tirassem as desejadas fotografias com ela.
Fonte: NSL
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