"Situação
da Adolescência Brasileira 2011 – O direito de ser adolescente:
Oportunidade para reduzir vulnerabilidades e superar desigualdades” é o
título do relatório lançado nesta quarta-feira (30) pelo Fundo das
Nações Unidas para a Infância - Unicef. O relatório, além de mostrar
como vive a população brasileira com idade entre 12 e 17 anos e
apresentar sugestões de ações para atender esta população, quer
desmistificar a ideia de que os adolescentes são sinônimos de problema. O
relatório está dividido em cinco partes. Na primeira, o Unicef convida a
sociedade a lançar um novo olhar sobre a adolescência e chama os
adultos a reconhecer sua importância na orientação, incentivo e proteção
dos adolescentes. O capítulo dois mostra como as vulnerabilidades e as
desigualdades barram o desenvolvimento pleno deles e delas. A terceira
mostra os principais desafios para universalizar as políticas voltadas
para as demandas desta população. O quarto capítulo trata da
participação cidadã e o quinto é um chamado à ação. Adolescentes e
adultos são chamados a colocar em prática uma nova pauta de prioridades
voltada à efetivação do direito de ser adolescente. O
relatório analisa a situação dos/as adolescentes a partir da evolução
de dez indicadores entre 2004 e 2009. Destes, oito indicadores
apresentaram avanços, um (extrema pobreza) registrou retrocesso e outro
(homicídio) se manteve estável. O
indicador da extrema pobreza é um dos que causa bastante preocupação,
já que esta problemática caiu na população geral. "Isso significa que
houve um aumento da representação dos adolescentes na população pobre”,
indica o relatório. De
acordo com dados preliminares do Censo 2010, quatro em cada dez
brasileiros (40%) que vivem na miséria são meninas e meninos de até 14
anos. Depois deste, o segundo grupo com maior percentual de pessoas
vivendo em famílias pobres são os adolescentes. O número de adolescentes
de 12 a 17 anos que vive em famílias extremamente pobres, ou seja, que
sobrevive com até ¼ de salário mínimo por mês, é atualmente 3,7 milhões
(17,6% dos adolescentes do país). Os
dados sobre homicídio, apesar de terem se mantido estáveis, não podem
ser vistos como positivos. Em 2009, a taxa de mortalidade entre a faixa
etária de 15 a 19 anos era de 43,2 para cada grupo de 100 mil
adolescentes, enquanto a média para a população geral era de 20
homicídios/100 mil. Nos
indicadores da educação, foi possível constatar importantes avanços nos
cinco anos analisados. Prova disso é que em 2009, 97,9% das crianças e
adolescentes de 7 a 14 estavam matriculadas na escola. Contudo, o Brasil
ainda tem muito que melhorar. O relatório aponta que entre os
adolescentes de 15 a 17 anos, 20% não estão na escola, enquanto este
percentual é de menos de 3% na faixa entre seis e 14 anos. O
Unicef chama atenção para outro fato: alguns adolescentes sofrem as
violações de seus direitos de forma mais intensa. Como é o caso dos
negros, deficientes, pobres, dos habitantes do Semiárido, da Amazônia,
das comunidades populares de grandes centros urbanos e também das
meninas, que sofrem discriminação de gênero. Prova
disso é que um adolescente negro tem quatro vezes mais risco de ser
assassinado do que um adolescente branco. Também, um adolescente
indígena tem três vezes mais chance de ser analfabeto do que os
adolescentes em geral. Por
situações como estas, o relatório propõe a aplicações de medidas
imediatas para desconstruir preconceitos que afetam a vida dos
adolescentes. Também são propostas medidas em médio prazo que fortaleçam
as políticas universais para os adolescentes e, em especial, os
adolescentes menos favorecidos. Unicef inda recomenda particular atenção
a quatro grupos: adolescentes vítimas de exploração sexual; meninas
mães; adolescentes chefes de famílias; e em situação de rua. Hoje
o Brasil tem pouco mais de 21 milhões de adolescentes. Estes meninos e
meninas representam 11% da população. De acordo com o Unicef, o país
vive um momento que vem sendo chamado de bônus demográfico.
Provavelmente, o Brasil não contará no futuro com um contingente de
adolescentes como este.
Fonte: Adital, extraido do blog da fatres
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