O Dia Nacional de Conscientização da Esclerose Múltipla (30 de agosto) alerta a população sobre a importância da ampliação do conhecimento sobre a doença, que atinge cerca de 2,5 milhões de pacientes em todo o mundo. No Brasil, a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM) estima que são mais de 30 mil pacientes, sendo que desse total apenas cinco mil recebem tratamento adequado devido à demora no diagnóstico. A esclerose múltipla (EM) afeta o sistema nervoso central, com ativação de elementos do sistema imunológico do paciente contra suas próprias estruturas. As causas ainda são pouco conhecidas, mas estudos recentes sugerem a existência de uma predisposição genética, associada à influência de fatores ambientais.
A investigação clínica para a EM tem início quando o paciente relata manifestações neurológicas chamadas surtos, com a duração de mais de 24 horas. Os sintomas mais frequentes da doença são formigamentos e dormências nos braços ou pernas, alterações visuais, fraqueza, fadiga, urgência urinária, desequilíbrio para andar e alterações cognitivas. O rastreamento para diagnóstico da EM é realizado a partir de uma consulta com um médico neurologista, que diante de suspeita clínica da doença, solicita exames como ressonância magnética do crânio e medula, punção liquórica e análise geral sanguínea. Após a exclusão de outras enfermidades como infecções, doenças vasculares ou carenciais que podem provocar sintomas semelhantes aos da EM, é iniciado o tratamento com o uso de imunomodulares como o Betaferon® (betainterferona 1b), da Bayer Schering Pharma, divisão da Bayer HealthCare.
O estudo clínico BENEFIT (sigla em inglês para Betaferon® no Tratamento Precoce da Esclerose Múltipla), que envolveu 468 pacientes, em 98 centros de pesquisa e 20 países, revela que o tratamento precoce da EM, logo quando surge o primeiro evento sugestivo da enfermidade, melhora a função cognitiva de pessoas com até dois anos de diagnóstico da doença. O déficit cognitivo pode ser observado em até 70% dos pacientes¹ com EM, sendo alguns domínios neurológicos afetados pela doença, como a velocidade de processamento de informação, necessária, por exemplo, quando uma pessoa dirige um carro; o raciocínio abstrato, que pode auxiliar no equilíbrio do orçamento doméstico; a memória recente de evocação, quando é necessário relembrar o nome de um antigo colega; a fluência verbal, quando a pessoa não encontra a palavra correta durante uma conversa; e o julgamento e tomada de decisão, essencial para que a pessoa julgue os prós e contras ao fazer uma escolha. “O tratamento precoce busca retardar a evolução da doença, além de atuar na prevenção de sequelas neurológicas que podem ser desenvolvidas ao longo dos anos”, afirma Dr. Marcos Papais Alvarenga, Mestre em neurologia pela UNIRIO, pós-graduado em Neuroimunologia pelo Hospital Carlos Haya, de Málaga, Espanha, e neurologista do Centro de referência do tratamento da esclerose múltipla do Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro.
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